Ficamos hospedados em Cracóvia na Polônia, distante cerca de 70km de onde existiu o maior genocídio da historia, os maiores campos de concentração (Oswiecim). Pagamos duas noites em quanto compartilhado no Cat Hostel Krakow – 13 euros por pessoa (102 zl), segue link com nosso desconto https://www.booking.com/s/35_6/jubiou65
A cidade de Cracóvia por si só já possui muitas marcas da época: o bairro judeu onde a população era forçada a mudar-se, vestígios do muro construído que os separava dos demais, a praça das cadeiras onde eles aguardavam, com seus pertences e familiares, o transporte que os levariam para a morte, na esperança de que estariam indo para um lugar melhor. Lá também tem a famosa fábrica de Schindler, que hoje é museu.
praça das cadeiras – Cracóvia
Quando chegamos em Cracóvia, na estação principal (Krakow Glówny), já fomos comprar os tickets para o ônibus que faz esse trecho diariamente e em vários horários (empresa LAJKONIK). Como nossa visita estava marcada para as 17h, compramos o ônibus das 14h pois avisaram que seriam cerca de 1h50 até lá. Optamos pelo ônibus, mas existe o trem também. Não fomos de trem pois vimos que a estação fica distante dos campos, sendo que o ônibus deixa na porta. O ônibus é demorado pois ele vai parando no caminho, é rota de muitos trabalhadores, estudantes. Na estação foi permitido comprar apenas a ida e fomos informados que a volta poderíamos comprar direto no ônibus com o motorista (a ida também pode ser direto mas não quisemos arriscar), saiu 15zl cada, cerca de 7,50 euros nós dois (set/2018).
Chegando lá, não permitiram entrar com mochilas, aceitam apenas bolsas pequenas (havíamos levado a nossa de ataque com lanche, agua, blusas, documentos, maquinas), sendo necessário deixar no locker que custou 4zl (cerca 1 euro). Lá só aceitam moeda local, na entrada do museu existe um café, lanchonete e também casa de câmbio, caso precise.
Nosso horário estava agendado para as 17h, chegamos às 16h e tentamos entrar, porem pediram para aguardar cerca de 30minutos e nos liberaram. O horário você agenda no site http://www.auschwitz.org/ há também opção com guia ou sem guia, em grupo ou individual, ou você pode fazer direto com uma agência. Nós fizemos tudo por conta e deu muito certo, é fácil e bem sinalizado, na visita há textos e placas indicativas e que contam a historia retratada. Reservamos o ingresso cerca de três dias antes, portanto as únicas opções gratuitas eram às 17h. Se puder, reserve com antecedência para mais opções de horários. Lemos relatos que seria necessário no mínimo 3h de visitação, sendo uma média de 5h. Nós ficamos 3h pois entramos as 16h30 e o ultimo ônibus de retorno ra 19h30 (o museu fecha 20h) e foi bem corrido. Lembrando que quando fomos ainda estava no verão, portanto ainda havia sol. Considere se for no inverno pois na unidade II Birkenau quase não há iluminação.
entrada do campo Auschwitz I
O museu é dividido em duas unidades que são os campos Auschwitz e Birkenau. O primeiro, e principal, onde há essa estrutura que comentei na entrada, é o campo onde o principal era o trabalho forçado, apesar de ter existido também câmera de gás. Há vários prédios, e cada um deles retrata diferentes situações da época, há fotos, registros, roupas e objetos originais de prisioneiros, exposições de arte com obras criadas por prisioneiros. São mais de 20 prédios. Na segunda unidade, o campo de extermínio Birkenau: há muitas ruinas, pouco sobrou pois nazistas tentaram eliminar qualquer vestígio e provas do que houve. É um grande terreno, onde haviam câmaras de gás, crematórios, e dormitórios precários. Lá também existe um vagão exposto e parte da linha de trem que chegava com os prisioneiros para a fila da morte. Para chegar nessa unidade, há um ônibus gratuito em frente ao museu Auschwitz que faz esse translado o tempo todo. Ele sai do mesmo ponto onde chegamos de Cracóvia.
sapatos de prisioneiros familias chegando nos campos

“De 17 de janeiro a 21 de janeiro de 1945, aproximadamente 58 mil prisioneiros foram evacuados para as profundezas do Reich pelas autoridades de KL Auschwitz. Ao mesmo tempo, os homens da SS estavam queimando documentos do acampamento, e em 20 de janeiro explodiram os crematórios e as câmaras de gás II e III em Birkenau. Já após o término da evacuação, em 23 de janeiro, eles incendiaram armazéns com propriedade roubada, os chamados Canadá II, e três dias depois eles explodiram a câmara de gás e o crematório V. Quando, em 27 de janeiro, soldados do Exército Vermelho entraram na área do campo, havia cerca de 7.000 prisioneiros, principalmente doentes e fisicamente exaustos.” Trecho retirado do site http://www.auschwitz.org/muzeum/historia-muzeum/od-wyzwolenia-do-powstania-muzeum/
Passaram-se apenas 74 anos após o fim dos campos de concentração pelos soviéticos (janeiro/2019). Já parou para pensar que 74 anos nem faz tanto tempo assim? Quanta atrocidade aconteceu… Milhões de pessoas mortas, crianças, pessoas!!! Mortas, assassinadas das formas mais horriveis, onde poder e dinheiro passam por cima da liberdade individual de existir, de viver. Às vezes até pele eram arrancadas, cabelos viravam tecidos, tapetes! Grávidas eram lançadas vivas ao crematório.
Muitos nos perguntaram por que fomos lá, já que a visita é horrível e não precisamos ver esse tipo de coisa. Pelo contrário, o museu foi criado pelas forças dos próprios ex-prisioneiros sobreviventes, faz parte da historia da humanidade, é preciso saber que aconteceu isso e de verdade, é preciso entender. A data da libertação inclusive é comemorada anualmente. Não adianta negar. Quanto mais conhecermos da nossa historia, mais preparados estaremos para o futuro.
Auschwitz I
Eu ainda custo a acreditar que isso aconteceu…
parece um filme terror. Acho que todos que puderem, devem visitar os campos
(agora museu), mas aviso que vc nunca mais será o mesmo. Não sei nem explicar o
que senti lá, e mesmo agora contando pra vcs, vendo as fotos… Por isso mais
que nunca devemos repensar a vida que levamos hoje, lutar por ela, lutar pela
liberdade de viver, de ir e vir. Os seis milhões de mortos, tiveram suas vidas
arrancadas, foram tirados das suas casas, da familia, do trabalho… assim do
nada, como se alguém viesse nos buscar hj.
Além de judeus, o regime nazista perseguiu democratas liberais, socialistas, ciganos, homossexuais. Ou seja, todos que estivessem fora do padrão estabelecido, eles queriam “de volta” a raça pura, com a ideia de salvar a humanidade! E venderam essa ideia muito bem… pessoas idolatravam Hitler e seus ideias, ele era um líder nato, um ‘mito”.
Tenho tanto medo dessa história, pois apesar de parecer tão distante, vejo tanta semelhança aos dias de hoje… tantas pessoas com essa vontade de mudança, desejo de “retomar virtudes”, tanto preconceito, discriminação, tantos homossexuais assassinados apenas por sua escolha sexual, diversas raças tratadas com inferioridade, imigrantes sofrendo abuso… segregação. Como se uns fossem melhores que outros. A humanidade esta nas mãos de poucos, e vivemos uma ilusão de liberdade.
Se quiser saber mais, existe uma infinidade de livros, documentários e filmes que retratam partes da história do nazismo, segue uma lista de filmes que assisti e recomendo:
- A lista de Schindler
- A Vida é Bela
- O diário de Anne Frank
- O banqueiro da resistência
- Suíte francesa
- Lida Baarová
- Lore
- O fotógrafo de Mauthausen
- Operação final